Exmo
Presidente da AOFA
Caro
Coronel Cracel,
As minhas calorosas felicitações pelo seu artigo editado pelo Público que é revelador do seu elevado sentido de serviço à causa pública da nossa Pátria. As suas afirmações ponderadas e com alguma ironia levam-nos à reflexão cada vez mais exígua e afastada dos portugueses e militares.
Devíamos estar de luto pela humilhação e falta de ética de quem nos tem governado. Estamos pela nossa passividade a comprometer a nossa própria honra. Estamos a ser esmagados pela austeridade que nos conduz ao empobrecimento, tendo como orientação programática uma agenda ideológica neoliberal criando a convicção que não havia alternativa.
O País não se dirige com arrogância ou mistificação e “actos de dissimulação”. A principal característica da acção política tem sido a falta de adesão à realidade evidenciando desorientação traduzida por intervenções contraditórias, com radicalização e dramatização do discurso, o que provoca incerteza e potencia a conflitualidade. Coexiste a perigosa combinação da incompetência e “revanchismo”! Descredibiliza as Instituições e a democracia.
A destruição da economia agravou a recessão que conduziu à inaceitável degradação social com trágico nível de desemprego. Sem confiança não haverá recuperação do investimento. O poder político (sem poder) não tem capacidade de decidir os destinos do País e os portugueses têm dificuldade em decidir sobre o seu próprio destino!
Não deixa de ser muito preocupante os políticos continuarem a não saber para que querem as nossas FA nem terem a noção da avaliação e implicações do actual ambiente estratégico. Vamos necessitar de FA mais exigentes e com melhores capacidades (no curto prazo) e só sabem falar em "cortes cegos" (partilhar de capacidades que não devemos) que estão a afectar a nossa estrutura, capacidade operacional e prontidão, que poderá ser de difícil reposição para intervir nos termos em que os mesmos políticos o determinarem no âmbito das exigências internacionais.
Afectando a condição militar, essência da organização, existe o risco das FA ficarem descaracterizadas e desarticuladas sem capacidade para cumprir as missões. Continua a merecer maior reflexão por parte do MDN a frase do Presidente da República, Cavaco Silva (Comandante Supremo das FA): “Considero da maior relevância o reforço da coesão e do prestígio da Instituição militar, objectivo que, em permanência, deve merecer atenção prioritária de todos os responsáveis políticos”. É evidente a falta de racionalidade que preside à forma como os líderes políticos têm conduzido processos estrategicamente decisivos.
Os efeitos colaterais da crise não deviam ser desvalorizados, pois vão provocar modificações da sociedade. O Governo não tem condições de alargar o seu espaço político nem a oposição para que seja possível o consenso necessário e urgente. Impõe-se uma reforma do sistema político que está bloqueado e em riso de implosão.
Os órgãos de soberania e agentes políticos devem tomar consciência, que a pobreza e o desemprego provocam enormes fracturas na sociedade e, por isso, são ameaças à coesão social e ao regime democrático, estando já a causar disrupções no comportamento individual e colectivo de consequências irreversíveis. A ruptura só poderá ser evitada com estabilidade politica e económica, que permitam aos cidadãos recuperar a confiança no Estado.
Portugal tem de mudar de rumo pela força da razão.
Obrigado Coronel Cracel que tão bem representa a AOFA com a
autoridade de quem sabe e pode falar.
José Simões
CFR SEF (Res)
Não aceito o recorrente argumento da nossa passividade, da parte dos que lutam pelos meios que têm um deles a palavra, não há passividade nenhuma, nem comprometimento da honra, e os outros que nada fazem são os mesmos de sempre nunca arriscaram nada na vida, não só por passividade, mas por completa falta de um traço de personalidade bem mais grave, esses sabem que o desfecho desta situação será com elevada probabilidade uma ditadura, e, esses, querem conhecer 1º a cara do ditador, depois dirão: Ámen!
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