Aos ex-alunos dos Pupilos do Exército.QUERER É PODER
EVOCAÇÃO (intervenção)
Os 60 anos de entrada no PILÃO (1953-2013)
Uma primeira palavra de agradecimento ao actual Director do nosso Pilão, Sr. Coronel Miranda Soares. De agradecimento pela gentileza da sua recepção, do seu acolhimento, pela visita que nos proporcionou e pelas suas palavras de ânimo e esperança. Obrigado.
Outra palavra, com o mesmo sentimento e um especial abraço ao Presidente da nossa Associação de ex-alunos, caro Américo Ferreira. A nossa Associação sendo o prolongamento da nossa vida e memória no Pilão é um instrumento fundamental na persecução do necessário apoio aos seus associados [diria que a todos os Pilões] é, como nunca, um indispensável apoio ao Instituto como à continuação da sua vida!
Ao aluno comandante de batalhão, Rachid Pachir, obrigado pela presença. Peço-te transmitas a todos os alunos o nosso desejo de que possais chegar, como nós, ao tempo de celebrar semelhante evocação.
Aos ex-alunos, contemporâneos ou não, que nos honram com a sua presença e participação, o nosso igual bem-haja. E bem assim aos familiares presentes, do falecido Luís Marreiros e do António Tavares a nossa solidariedade na dor dos seus e nossos entes queridos.
......... ** ..........
Encontramo-nos presentes 17 ex-alunos, tendo já falecido 10, dos então 46 jovens que há precisamente 60 anos entraram pelos portões desta casa. Todos passamos dos setenta anos de idade...São duas as grandes razões que aqui nos trouxeram:
-frequentámos esta Escola e vivemos sessenta anos, depois de nela entrar, mas
subsidiariamente, os que aqui estão juntaram a essas principais razões todos os outros motivos para “querer” e “poder” evocar a data. Quisemos marcar a efeméride. Aqui estamos.
Chegados aqui, talvez bastasse não dizer nada,
quedarmo-nos mudos, trocar abraços, reprimir ou esconder lágrimas e nostalgias.
Quantos choros abafados viajaram por estes claustros?
Quantas alegrias esbaforidas por aqui tropeçaram?
Quantas brincadeiras ingénuas ziguezaguearam por estas arcadas?
Quantas chuvas e sois nos fustigaram e estas paredes nos acolheram?
Já o dissemos há dez anos, difícil era, não o repetir hoje; não repetir que
… recordamos com saudade o tempo que passou, a casa que nos educou, os amigos que ficaram, os que já partiram e os laços que nos uniram...
Nestes sessenta anos que comemoramos não é por acaso que é aqui, nos claustros, na “alma mater” da casa que nos viu crescer que nos encontramos, nem é por acaso que é numa das suas paredes que ficará outro registo da nossa evocação:
Sessenta longos anos passaram…
Da etapa que marcou as nossas vidas.
Amigos – os que partiram e os que ficaram,
Aos vindouros, legamos esperanças merecidas!
Amigos que partiram, mais seis que há dez anos: 32-Humberto Moita,37-António Tavares,69-Frazão Gouveia, 96-Carlos Mendonça, 106-Jorge Pimentel,168-Germano Lopes,191-Rebordão Brito, 231-Isaque Ramos,260-Luís Marreiros, 396-Gaspar Santos
Estes são os nossos que já não pudemos convocar. Mas porque vos queremos connosco, dizemos: “estais presentes” . No próximo minuto elevamos a vossa memória no silêncio da saudade.
(um minuto de silêncio)
.......................... .......................... .......................... .......................... .......................... ...........
Sessenta longos anos passaram…
Seis décadas de grandes mutações na vida de cada um e na vida da sociedade...
Foi este o tempo que passou e com ele nós.
Vimos mudar de Século e de Milénio. Passámos aos anos 2000: uns com muita esperança, outros com menos, se calhar alguns com pouca...mas todos com a certeza de que as crises, as grandes crises despertam as consciências. Obrigam-nos a desejar um mundo melhor: mais fraterno, com menos assimetrias...com uma liberdade mais autêntica.
Foi este o tempo que passou (60 anos muito peculiares) e com ele nós.
Da etapa que marcou as nossas vidas.
Da...casa que nos educou. Uma Escola criada com a República. Uma Escola para os que dificilmente teriam tido formação secundária e média se o “Pilão” não existisse. Por isso e não só uma Escola especial; dela o que se recebeu se recebeu com uma gratidão singular.
Na maioria éramos filhos de gente humilde e terá sido uma das primeiras lições aprendidas nesta casa: construirmo-nos na força de que, por virmos de gente humilde, não seriamos por isso “gente menor”, ao contrário ,aqui aprendemos a ter orgulho de nos fazermos grandes.
Maiores em vontade de vencer, em vontade de resistir às adversidade e às dificuldades, numa dinâmica de receber tudo o que a Escola teve para nos dar
qualquer fosse a estação do ano em matéria das crises que a visitavam.
A Escola sempre teve crises, ciclicamente. Não é coisa só de agora. Delas soube renascer.
Nós sabemos bem as diferentes fases porque cá passámos!
Por isso, repito, aqui aprendemos a “ter orgulho na vontade de vencer”. Vencer com dignidade sob a égide de QUERER É PODER.
Tínhamos disciplina, pois tínhamos. Tínhamos regras para todos, desde os que tinham dez anos até aos que tinham dezoito (ou mais anos) mas foi assim. Mas essa disciplina, essas regras eram eficazes porque integravam valores. Aprendemos a respeitar valores. Poderiam não ser os mais correctos, poderiam estar contagiados pela filosofia do Poder “reinante” (estavam com certeza) mas hoje sabemos que assim como a rebeldia dos jovens que éramos os recebeu (recebeu esses valores, adquiriu sentido das responsabilidades e graus de exigência), também mais tarde a maturidade e formação adquirida, soube interpretá-los no sentido mais justo e equilibrado. Nada é fim em si mesmo. Os valores e princípios que contam são os que interessam à construção duma sociedade onde sejamos mais felizes.
Pois se hoje se diz que há uma crise de valores. Abençoada Escola que ainda hoje e aqui nos faz recordá-los.
Da casa que nos educou poderíamos dizer tanta coisa mas já todos o sabemos. Foi um universo construído por muitos: oficiais, professores (militares e civis),gente anónima, sargentos, cabos, praças e funcionários. Todos arquitectos de um Pilão melhor; que sempre quiseram o melhor, o melhor possível.
A nossa passagem (na década de 50) até teve a particularidade de conviver com titulares de notável empenhamento em reformar o Instituto, em colocá-lo no lugar que ele merecia, no topo duma hierarquia de prestígio, como instituição de ensino, no Portugal de então. Houve lugar à inovação e à tomada de maior consciência social. E não só isso, houve um notável esforço para acabar com a traumática desigualdade comércio/industria…muito sentida e sofrida por todos nós na década referenciada. Nunca deve ser esquecido o Coronel Ferreira Gonçalves, então Director, figura central desse empreendimento a par do ajustamento da melhoria de condições à dignidade merecida pelo Pilão.
Mas também nós -os próprios alunos- fomos obreiros da construção da nossa casa e de cada uma das épocas nela vivida. Será possível esquecer a quota-parte que tínhamos, no dia à dia, na sua gestão?
Rebeldes ou submissos eramos “malta brava”. Limites entre os quais -rebeldia ou submissão- a nossa formação acabava por se fazer. Mas se entre essas margens fomos cooperantes na construção da nossa Escola, entre outras fronteiras, nela, nos fomos construindo como pessoas:
-entre tristezas e alegrias;
-entre justiças e injustiças;
-entre preferências e preterições;
-entre vitórias e derrotas
-entre, tantas outras contradições e paradoxos, verso e reverso, nos fizemos homens.
A Escola, o Pilão” nos tornou adultos e diferentes.
Amigos – os que partiram e os que ficaram,
Amigos, que o mesmo será dizer dos amigos que fizemos ou dos amigos que somos e dos laços que nos uniram mais do que falar disso será senti-lo nos encontros/desencontros de que somos protagonistas quer durante a frequência no Instituto quer ao longo destes sessenta anos. Quer mesmo quando, ano após ano, a vida de alguns se esfuma e nos afaga a saudade eterna.
São de facto circunstâncias de um tempo vivido caracterizado por contradições entre alegrias e sofrimentos, entre sucessos e insucessos, que nos fizeram mais Amigos e que teceram os laços que nos uniram e nos unem.
Às dificuldades ou à dor do companheiro do lado nunca ficávamos indiferentes.
Aí começávamos a erguer as fundações duma Amizade duradoura e a criar condições para comungar com ele (companheiro do lado) também alegrias e sucessos...A Escola, o Pilão, foi pelo que já antes se referiu natural viveiro de Amizade, de espirito de camaradagem e de cumplicidades sem termo.
Erguemos a amizade e os laços que nos uniram e ainda nos unem. Soubemos transformar os “encontros/desencontros” numa dinâmica de afirmação onde prevalece o positivo, onde prevalecem os princípios adquiridos.
A partir daqui cada um, à sua maneira, na construção de pequenos ou grandes feitos, foi construindo um mundo melhor para os vindouros.
Aos vindouros, legamos esperanças merecidas!
Aos vindouros…podemos repetir : “Vimos mudar de Século e de Milénio. Passámos aos anos 2000:uns com muita esperança, outros com menos, se calhar alguns com pouca...mas todos com a certeza de que as crises, as grandes crises despertam as consciências. Obrigam-nos a desejar um mundo melhor: mais fraterno, com menos assimetrias...com uma liberdade mais autêntica.”
Nós mais velhos estamos disso convencidos e apesar dos fustigantes ventos que sopram…. aos vindouros legamos as esperanças que bem merecem, e todos merecemos, numa verdadeira sociedade democrática.
Vou concluir.
Estamos em 2013, sessenta anos depois da nossa entrada no Pilão e cento e dois anos depois de ele ter nascido...
Estará velha a Escola?! Já não serve?! Quiseram acabar com ela?!
Tem havido força e coragem para convencer os decisores da razão que assiste à continuidade e dignificação do Instituto. Estaremos gratos aos ex-alunos e a todos que se têm empenhado nessa ciclópica tarefa, permitindo-nos destacar a nossa Associação( a n/APE) e as últimas direcções do IPE .
Mas houve luta….e essa luta continua.
Temos a obrigação de pugnar para que o Pilão continue vivo e, mais, para que ele volte a ter o lugar que merece numa hierarquia de prestígio, como instituição de ensino, plena de tradições e de serviço prestado ao Desenvolvimento nacional nas vertentes técnica, económica, cultural, cívica ou militar.
Julgo que estamos convictos que temos de perfilhar uma acção coordenada e objectiva. É um desafio para todos os ex-alunos. É um repto para nós que devemos aproveitar esta comemoração elegendo como objectivo para novos e futuros passos:
-o reforçar ainda mais o movimento associativo de ex-alunos para que o Instituto continue bem vivo, para que, independentemente dos acertados e mais que justos despachos favoráveis à sua manutenção, a Escola readquira o estatuto que merece, impondo-se por si mesma, em qualidade e dignidade;
Obrigado. Obrigado Pilão continuamos-te grato. QUERER É PODER.
Disse.
30-Manuel D.Clemente, por mandato da Comissão Organizadora desta comemoração dos 60 anos de entrada no Pilão.
Os 60 anos de entrada no PILÃO (1953-2013)
Uma primeira palavra de agradecimento ao actual Director do nosso Pilão, Sr. Coronel Miranda Soares. De agradecimento pela gentileza da sua recepção, do seu acolhimento, pela visita que nos proporcionou e pelas suas palavras de ânimo e esperança. Obrigado.
Outra palavra, com o mesmo sentimento e um especial abraço ao Presidente da nossa Associação de ex-alunos, caro Américo Ferreira. A nossa Associação sendo o prolongamento da nossa vida e memória no Pilão é um instrumento fundamental na persecução do necessário apoio aos seus associados [diria que a todos os Pilões] é, como nunca, um indispensável apoio ao Instituto como à continuação da sua vida!
Ao aluno comandante de batalhão, Rachid Pachir, obrigado pela presença. Peço-te transmitas a todos os alunos o nosso desejo de que possais chegar, como nós, ao tempo de celebrar semelhante evocação.
Aos ex-alunos, contemporâneos ou não, que nos honram com a sua presença e participação, o nosso igual bem-haja. E bem assim aos familiares presentes, do falecido Luís Marreiros e do António Tavares a nossa solidariedade na dor dos seus e nossos entes queridos.
......... ** ..........
Encontramo-nos presentes 17 ex-alunos, tendo já falecido 10, dos então 46 jovens que há precisamente 60 anos entraram pelos portões desta casa. Todos passamos dos setenta anos de idade...São duas as grandes razões que aqui nos trouxeram:
-frequentámos esta Escola e vivemos sessenta anos, depois de nela entrar, mas
subsidiariamente, os que aqui estão juntaram a essas principais razões todos os outros motivos para “querer” e “poder” evocar a data. Quisemos marcar a efeméride. Aqui estamos.
Chegados aqui, talvez bastasse não dizer nada,
quedarmo-nos mudos, trocar abraços, reprimir ou esconder lágrimas e nostalgias.
Quantos choros abafados viajaram por estes claustros?
Quantas alegrias esbaforidas por aqui tropeçaram?
Quantas brincadeiras ingénuas ziguezaguearam por estas arcadas?
Quantas chuvas e sois nos fustigaram e estas paredes nos acolheram?
Já o dissemos há dez anos, difícil era, não o repetir hoje; não repetir que
… recordamos com saudade o tempo que passou, a casa que nos educou, os amigos que ficaram, os que já partiram e os laços que nos uniram...
Nestes sessenta anos que comemoramos não é por acaso que é aqui, nos claustros, na “alma mater” da casa que nos viu crescer que nos encontramos, nem é por acaso que é numa das suas paredes que ficará outro registo da nossa evocação:
Sessenta longos anos passaram…
Da etapa que marcou as nossas vidas.
Amigos – os que partiram e os que ficaram,
Aos vindouros, legamos esperanças merecidas!
Amigos que partiram, mais seis que há dez anos: 32-Humberto Moita,37-António Tavares,69-Frazão Gouveia, 96-Carlos Mendonça, 106-Jorge Pimentel,168-Germano Lopes,191-Rebordão Brito, 231-Isaque Ramos,260-Luís Marreiros, 396-Gaspar Santos
Estes são os nossos que já não pudemos convocar. Mas porque vos queremos connosco, dizemos: “estais presentes” . No próximo minuto elevamos a vossa memória no silêncio da saudade.
(um minuto de silêncio)
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Sessenta longos anos passaram…
Seis décadas de grandes mutações na vida de cada um e na vida da sociedade...
Foi este o tempo que passou e com ele nós.
Vimos mudar de Século e de Milénio. Passámos aos anos 2000: uns com muita esperança, outros com menos, se calhar alguns com pouca...mas todos com a certeza de que as crises, as grandes crises despertam as consciências. Obrigam-nos a desejar um mundo melhor: mais fraterno, com menos assimetrias...com uma liberdade mais autêntica.
Foi este o tempo que passou (60 anos muito peculiares) e com ele nós.
Da etapa que marcou as nossas vidas.
Da...casa que nos educou. Uma Escola criada com a República. Uma Escola para os que dificilmente teriam tido formação secundária e média se o “Pilão” não existisse. Por isso e não só uma Escola especial; dela o que se recebeu se recebeu com uma gratidão singular.
Na maioria éramos filhos de gente humilde e terá sido uma das primeiras lições aprendidas nesta casa: construirmo-nos na força de que, por virmos de gente humilde, não seriamos por isso “gente menor”, ao contrário ,aqui aprendemos a ter orgulho de nos fazermos grandes.
Maiores em vontade de vencer, em vontade de resistir às adversidade e às dificuldades, numa dinâmica de receber tudo o que a Escola teve para nos dar
qualquer fosse a estação do ano em matéria das crises que a visitavam.
A Escola sempre teve crises, ciclicamente. Não é coisa só de agora. Delas soube renascer.
Nós sabemos bem as diferentes fases porque cá passámos!
Por isso, repito, aqui aprendemos a “ter orgulho na vontade de vencer”. Vencer com dignidade sob a égide de QUERER É PODER.
Tínhamos disciplina, pois tínhamos. Tínhamos regras para todos, desde os que tinham dez anos até aos que tinham dezoito (ou mais anos) mas foi assim. Mas essa disciplina, essas regras eram eficazes porque integravam valores. Aprendemos a respeitar valores. Poderiam não ser os mais correctos, poderiam estar contagiados pela filosofia do Poder “reinante” (estavam com certeza) mas hoje sabemos que assim como a rebeldia dos jovens que éramos os recebeu (recebeu esses valores, adquiriu sentido das responsabilidades e graus de exigência), também mais tarde a maturidade e formação adquirida, soube interpretá-los no sentido mais justo e equilibrado. Nada é fim em si mesmo. Os valores e princípios que contam são os que interessam à construção duma sociedade onde sejamos mais felizes.
Pois se hoje se diz que há uma crise de valores. Abençoada Escola que ainda hoje e aqui nos faz recordá-los.
Da casa que nos educou poderíamos dizer tanta coisa mas já todos o sabemos. Foi um universo construído por muitos: oficiais, professores (militares e civis),gente anónima, sargentos, cabos, praças e funcionários. Todos arquitectos de um Pilão melhor; que sempre quiseram o melhor, o melhor possível.
A nossa passagem (na década de 50) até teve a particularidade de conviver com titulares de notável empenhamento em reformar o Instituto, em colocá-lo no lugar que ele merecia, no topo duma hierarquia de prestígio, como instituição de ensino, no Portugal de então. Houve lugar à inovação e à tomada de maior consciência social. E não só isso, houve um notável esforço para acabar com a traumática desigualdade comércio/industria…muito sentida e sofrida por todos nós na década referenciada. Nunca deve ser esquecido o Coronel Ferreira Gonçalves, então Director, figura central desse empreendimento a par do ajustamento da melhoria de condições à dignidade merecida pelo Pilão.
Mas também nós -os próprios alunos- fomos obreiros da construção da nossa casa e de cada uma das épocas nela vivida. Será possível esquecer a quota-parte que tínhamos, no dia à dia, na sua gestão?
Rebeldes ou submissos eramos “malta brava”. Limites entre os quais -rebeldia ou submissão- a nossa formação acabava por se fazer. Mas se entre essas margens fomos cooperantes na construção da nossa Escola, entre outras fronteiras, nela, nos fomos construindo como pessoas:
-entre tristezas e alegrias;
-entre justiças e injustiças;
-entre preferências e preterições;
-entre vitórias e derrotas
-entre, tantas outras contradições e paradoxos, verso e reverso, nos fizemos homens.
A Escola, o Pilão” nos tornou adultos e diferentes.
Amigos – os que partiram e os que ficaram,
Amigos, que o mesmo será dizer dos amigos que fizemos ou dos amigos que somos e dos laços que nos uniram mais do que falar disso será senti-lo nos encontros/desencontros de que somos protagonistas quer durante a frequência no Instituto quer ao longo destes sessenta anos. Quer mesmo quando, ano após ano, a vida de alguns se esfuma e nos afaga a saudade eterna.
São de facto circunstâncias de um tempo vivido caracterizado por contradições entre alegrias e sofrimentos, entre sucessos e insucessos, que nos fizeram mais Amigos e que teceram os laços que nos uniram e nos unem.
Às dificuldades ou à dor do companheiro do lado nunca ficávamos indiferentes.
Aí começávamos a erguer as fundações duma Amizade duradoura e a criar condições para comungar com ele (companheiro do lado) também alegrias e sucessos...A Escola, o Pilão, foi pelo que já antes se referiu natural viveiro de Amizade, de espirito de camaradagem e de cumplicidades sem termo.
Erguemos a amizade e os laços que nos uniram e ainda nos unem. Soubemos transformar os “encontros/desencontros” numa dinâmica de afirmação onde prevalece o positivo, onde prevalecem os princípios adquiridos.
A partir daqui cada um, à sua maneira, na construção de pequenos ou grandes feitos, foi construindo um mundo melhor para os vindouros.
Aos vindouros, legamos esperanças merecidas!
Aos vindouros…podemos repetir : “Vimos mudar de Século e de Milénio. Passámos aos anos 2000:uns com muita esperança, outros com menos, se calhar alguns com pouca...mas todos com a certeza de que as crises, as grandes crises despertam as consciências. Obrigam-nos a desejar um mundo melhor: mais fraterno, com menos assimetrias...com uma liberdade mais autêntica.”
Nós mais velhos estamos disso convencidos e apesar dos fustigantes ventos que sopram…. aos vindouros legamos as esperanças que bem merecem, e todos merecemos, numa verdadeira sociedade democrática.
Vou concluir.
Estamos em 2013, sessenta anos depois da nossa entrada no Pilão e cento e dois anos depois de ele ter nascido...
Estará velha a Escola?! Já não serve?! Quiseram acabar com ela?!
Tem havido força e coragem para convencer os decisores da razão que assiste à continuidade e dignificação do Instituto. Estaremos gratos aos ex-alunos e a todos que se têm empenhado nessa ciclópica tarefa, permitindo-nos destacar a nossa Associação( a n/APE) e as últimas direcções do IPE .
Mas houve luta….e essa luta continua.
Temos a obrigação de pugnar para que o Pilão continue vivo e, mais, para que ele volte a ter o lugar que merece numa hierarquia de prestígio, como instituição de ensino, plena de tradições e de serviço prestado ao Desenvolvimento nacional nas vertentes técnica, económica, cultural, cívica ou militar.
Julgo que estamos convictos que temos de perfilhar uma acção coordenada e objectiva. É um desafio para todos os ex-alunos. É um repto para nós que devemos aproveitar esta comemoração elegendo como objectivo para novos e futuros passos:
-o reforçar ainda mais o movimento associativo de ex-alunos para que o Instituto continue bem vivo, para que, independentemente dos acertados e mais que justos despachos favoráveis à sua manutenção, a Escola readquira o estatuto que merece, impondo-se por si mesma, em qualidade e dignidade;
Obrigado. Obrigado Pilão continuamos-te grato. QUERER É PODER.
Disse.
30-Manuel D.Clemente, por mandato da Comissão Organizadora desta comemoração dos 60 anos de entrada no Pilão.
6-Jeónimo Pamplona,57-Júlio Simão, 82- Moura Canteiro,133-Fernando Lopes,154-Carlos Subtil, ,198-Rui Marques, 207-Alexandre Matias,208-M.Barbosa Pereira,243-Eugénio Sousa,274-Miranda Ferreira,284-Asdrubal Sepulveda,286-Martinho Rodrigues,301-Pedro Pinheiro,324-António Fonseca,394-Candido Tavares, 397-Edgar Faustino.
Instituto dos Pupilos do Exército, aos 1 de Novembro de 2013.
Instituto dos Pupilos do Exército, aos 1 de Novembro de 2013.
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