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quarta-feira, 2 de abril de 2014

PERIGO

perigo

ATENÇÃO! CUIDADO! TENHAM MUITO CUIDADO!

LER É UM ACTO TERRIVELMENTE SUBVERSIVO!

Um dos perigos que LER nos coloca é “tropeçarmos” em palavras inquietas. E que nos inquietam.

Por exemplo, há alguns anos “tropecei” em Einstein: “É escandalosamente óbvio que a nossa tecnologia excede a nossa Humanidade”.

E no General George C. Marshall, Jr.: “Once an army is involved in war, there is a beast in every fighting man which begins tugging at its chains, and a good officer must learn early on how to keep the beast under control, both in his men and himself”.

Mas esta mania de LER não pára de me inquietar. Tanto que hoje fui “atropelado” por Edgar Morin, e as questões-chave a que, diz, temos que dar resposta. Destaco duas, apenas como exemplos: “Não teremos já atingido o ponto para além do qual a guerra pode acabar por aniquilar a humanidade, e, portanto, o ponto em que o devir da humanidade exige a abolição da guerra?”; “Não seria uma sociedade-mundo o antídoto para os poderes paranóicos dos Estados, para os seus poderes de aniquilamento, para as forças regressivas que se encaminham para uma nova Idade Média planetária, para eventuais novos totalitarismos mais eficazes que os do século XX, porque senhores de meios biológicos e químicos capazes de controlar os genes e os cérebros?”.

Aqui chegado, “deu-me” para revisitar Bertolt Brecht:

General, o teu tanque é um carro forte

Arrasa um bosque e esmaga centos de homens

Mas tem um defeito:

Precisa de um condutor.

General, o teu bombardeiro é forte.

Voa mais rápido que uma tempestade e carrega mais que um

elefante.

Mas tem um defeito:

Precisa de um mecânico.

General, o homem é muito hábil.

Sabe voar e sabe matar.

Mas tem um defeito:

Sabe pensar.

Eu sei que pensar é grátis. Pelo menos por enquanto. Mas “transformar” os pensamentos em palavras ditas e escritas pode ser (é, muitas vezes) caro, e volta a ser inquietantemente perigoso. É que as palavras ouvidas e lidas não podem ser ignoradas (como canta o F. Fanhais), pois provocam a necessidade de ver, não apenas de olhar, e de reagir. E podem levar essa inquietação até à subversiva necessidade de agir.

Mas não será toda essa subversão uma imperiosa convocatória para defendermos a nossa Humanidade do desprezo, do aviltamento, da humilhação, da violência, com que está a ser atacada, espezinhada, violada?

1 comentário:

  1. Muito bem, Cte. Almeida Moura. Infelizmente, as palavras ditas e escritas já não serão inquietantemente perigosas, pois este povo adormecido nem já necessidade sente em ver a verdade, alienado como está. A realidade, nua e crua, é que, hoje, a tríade do poder apenas é regida pela riqueza, que relegou para a insignificância o saber e a força.

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